Resolvi falar sobre alimentação ao seio ou na mamadeira motivada pelo relato de uma amiga que, recentemente, teve um bebê e ficou as voltas com essa questão, já que não pôde dar o seio como gostaria, porque não tinha muito leite e o bebê passou a perder muito peso. Ela sugeriu que eu escrevesse sobre isso por saber da importância da amamentação e porque muitas mães têm dúvidas e ficam sem saber o que fazer nessa hora.
O tema da amamentação é muito antigo e, diferentemente de como é tratado hoje em dia, dado a sua importância, nem sempre foi assim. No século XIX, os bebês eram alimentados pelas amas-de-leite e, em alguns casos, por elas eram criados, até que atingissem uma certa idade. Ser mãe naquela época não era motivo de orgulho, porque muitas mulheres estavam mais preocupadas em poder participar das festas de salões e dos chás nas casas de amigas. Não havia essa preocupação em relação ao vínculo afetivo proporcionado pela amamentação e as mulheres não eram massacradas ou forçadas a darem o seio, porque não era algo socialmente esperado.
Felizmente, essa época passou, e, hoje, o que mais se discute em várias mídias é a importância não só nutricional e imunológica da amamentação como também afetiva.
Sabemos de todos os benefícios da amamentação ao seio e de como as mães fazem questão de amamentar seus filhos, na busca, principalmente, de um maior vínculo afetivo.
É nessa hora que muitas mães se veem numa situação desesperadora, quando não conseguem amamentar. E aí, algo que deveria ser prazeroso torna-se um tormento, misturado à dor, à decepção, à culpa, e à tristeza, como se o tão sonhado desejo de formar um bom vínculo com seu bebê tivesse acabado ali, no momento em que percebeu a sua impossibilidade de amamentá-lo.
Muitas mães sofrem com isso e já ouvi relatos de mães que amamentaram seus filhos chorando em cima do bebê, deixando o sangue escorrer de seus mamilos, pois achavam que não poderiam fazer um vínculo se não fosse dessa forma, ou seja, amamentando ao seio.
É nessa hora que uma mamadeira faz toda a diferença e traz os mesmos resultados afetivos. Não importa mamãe se não tem como dar o seio, pois os laços de afeto irão se estabelecer da mesma maneira. Você estará ali, segurando seu filho, olhando em seus olhinhos, ele olhando para você e sentindo seu cheiro, a textura do seu corpo e você estará tranquila, em paz e alegre.
Pensem bem: de que adianta estar dando o seio ao seu bebê se, quem está ali, é uma mãe que chora de dor, de tristeza, de decepção? Qual é a mensagem que estará passando para seu bebê nessa hora?
Então mamães, façam da mamadeira sua aliada. Quando puderem e, se puderem, deem o seio, nem que seja por 2 minutinhos. Minha amiga adotou essa postura: sua filhinha mama todo o leite que há no seio, e que é pouco, e depois passa para a mamadeira, sem estresse.
O importante é que, nos meses iniciais, o bebê que só mama na mamadeira seja alimentado por uma só pessoa, para que ele comece a estabelecer seus primeiros vínculos afetivos com uma só pessoa.