Supernany RJ: Duas Almas, dois Selvies!

Supernany RJ: Duas Almas, dois Selvies!: Não sei muito bem o que vou escrever, nem sei por que resolvi escrever, vou deixar a mente flutuar, fazer associações e deixar que as pal...

Duas Almas, dois Selvies!

Não sei muito bem o que vou escrever, nem sei por que resolvi escrever, vou deixar a mente flutuar, fazer associações e deixar que as palavras decidam por elas. Borrar o papel somente com os sentimentos traduzidos
Estou eu aqui relendo emails que enviei e recebi, foram alguns, recheados de historias, dores, alegrias, tudo que vem do coração. Antes disso, estava atendendo um rapaz que pouco fala e, quando fala, não fala de sentimento. 
Estou ali, quero ouvi-lo, mas ele nem sabe que quer ser ouvido, nunca foi! Sinto o que talvez ele devia sentir ao tentar se aproximar da mãe, sem sucesso. Um certo desconforto, a mão suando um pouco, revelando esse desconforto. Seu olhar se perde em todas as direções. Quer me olhar, mas tem medo de não ser encontrado, foge, aterrorizado diante da possibilidade de um encontro verdadeiro.
Fico pensando em tantas pessoas que não puderam ser vistas, enxergadas, que afastaram de si a própria alma, a única verdadeira, para sobreviverem e para preservá-la. Existe um lugar aqui dentro, bem fundo e tão longe, onde ela se encontra imaculada, protegida daquilo que ela precisou se tornar. Digamos que ela se duplicou, mas não numa igual, para que as durezas da vida, desde quando ela nasceu, não a machucassem, não a transformassem. Aquele registro está ali, ela está pronta para ser encontrada novamente, mas na hora certa, no momento certo, quando começar a se sentir segura. Com alguns, talvez esse momento nunca nem chegue a acontecer, os dias são duros e frios demais.
Por onde o amor anda, ela nem sabe dizer, mal chegou a conhecer. Dele ou de algumas palavras que o revelam, ouviu pouquíssimas vezes. Logo aquele que o olhava se distraiu com tantas coisas e essas outras coisas ocuparam mais espaço. E ela? Cadê ela? Talvez você já tenha até se esquecido a quem eu estou me referindo, não? A alma, a verdadeira, a nossa essência, aquela que poderia, que pode vir a ser..... Acho que já se escondeu de novo, não confia. Confiar em quem? Foi por tentar confiar que ela se exilou, foi exilada. O mundo não lhe deu chance. Confiamos, porque alguém um dia nos olhou, nos viu, aceitou nossos erros, nossas quedas, acreditou em nós e que seríamos capazes de nos levantar, de acertar. Devagar e com o tempo, porque é assim que isso acontece, nossos erros foram se transformando em acertos, fomos levantando precisando cada vez menos de outras mãos. Alguém sempre dizia: vai, você consegue, acredito em você.
E assim é a alma, a verdadeira, aquela que quero encontrar dentro de mim, porque ela é minha. Ela é cheia, porque foi bem nutrida, foi vista. Cheia de amor, cheia de confiança, cheia de si.
Ainda há os que têm medo dela, nunca a encontrarão, outros que tentam, mas a outra, aquela que é a duplicada, mas não igual, a convence de que o melhor é seguir do jeito que está, afinal, sobreviveram. Mas, felizmente, existem pessoas, assim como eu e como você, que sentem que sobreviver é muito pouco. Permitem-se sofrer, porque sabem que só o sofrimento é capaz de arrancá-la, tirá-la de seu esconderijo. Lembra-se? Elas já foram unidas um dia. Eu sei o que ela sente e sei que ela sabe o que eu sinto. Eu sei onde encontrá-la.
O amor nasce daí. Ele pode vir tarde, mas sempre vem para aqueles que, apesar das dores, não desacreditaram nele. Ele pode vir em vários formatos: amor de irmão, amor de tio, amor de vizinho, de professora, de homem, de mulher, de amiga de infância. A ordem não altera o produto! O importante é aquilo que um encontro de amor nos faz sentir. Na capacidade que tem de nos transformar. É dele que me alimento nos dias de desesperança, de pouca fé, de falta de sorriso no rosto. Para mim, amor sempre me remete à ideia de um sorriso largo no rosto, de olhos brilhando, de abraço apertado, de silêncio compartilhado. Assim e só assim eu sei ser feliz, eu sei ser quem sou.
Hoje o amor tem um rosto, o meu, o seu, o nosso.Isso poderia ser um conto? Não sei. Mas um ponto, uma marca na vida de todos nós.